Declínio da população de abelhas ameaça agricultura, alerta ONU

Animais polinizadores são responsáveis por 5% a 8% da produção agrícola global

por O Globo, com Agências Internacionais
26/02/2016 9:04 / Atualizado 26/02/2016 9:30



A população de abelhas na Europa reduziu em 37% - Suzanne Plunkett / Reuters / REUTERS


RIO — As abelhas, borboletas e outras espécies importantes para a agricultura estão desaparecendo, e essa redução nas populações apresenta sério risco para a produção global de alimentos, alertou nesta semana o painel de biodiversidade das Nações Unidas. Em relatório, a Plataforma Intergovernamental Político-científica sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES, na sigla em inglês) informou que a polinização animal é responsável por 5% a 8% da produção agrícola global por volume, gerando riquezas estimadas entre US$ 235 bilhões e 577 bilhões.
“Muitas abelhas selvagens e borboletas estão declinando em abundância, ocorrência e diversidade em escalas local e regional no Noroeste da Europa e na América do Norte”, afirmou o painel, destacando ainda que o declínio é registrado em outras partes do mundo e as possíveis causas incluem perda de habitat, pesticidas, poluição, espécies invasoras, doenças e mudanças climáticas.
Na Europa, 9% das espécies de abelhas e borboletas estão ameaçadas de extinção e as populações de abelhas declinaram em 37% e, entre as borboletas, a redução foi de 31%, aponta o painel. Em algumas regiões do continente, mais de 40% das espécies de abelhas estão ameaçadas. Por falta de dados, a análise não pode ser realizada na América Latina, Ásia e África, mas o mesmo processo deve estar acontecendo nestas regiões.
Os polinizações não insetos, como morcegos e pássaros, também estão diminuindo, com 16% dessas espécias ameaçadas de extinção em todo o mundo, aponta o painel.
SEM CAFÉ E CHOCOLATE
O relatório do IPBES, painel instituído em 2012 sob o comando da ONU para avaliar a situação dos ecossistemas e biodiversidade, não chegou a declarar uma ameaça em grande escala para a produção de alimentos, mas sublinhou a importância de proteger espécies polinizadoras para garantir a produção de frutos, grãos, leguminosos e outros vegetais, sobretudo frente ao desafio de aumentar a produção para alimentar a crescente população global.
— Sem os polinizadores, muitos de nós não poderíamos consumir café, chocolate ou maçãs, entre outros alimentos do dia a dia — disse Simon Potts, vice-presidente do IPBES, à agência France Press.
A polinização é a transferência de pólen entre as partes macho e fêmea das flores, o que permite a reprodução e consequente formação de frutos e sementes. Ao pousarem ou se alimentarem nas flores, pássaros e insetos carregam o pólen, que acaba sendo depositado na próxima flor que o animal visitar.
As principais lavouras globais, como arroz, trigo e outros grãos não dependem da polinização animal, mas plantações vulneráveis incluem praticamente a totalidade dos frutos e outros vegetais.
“As espécies dependentes das polinizações englobam a produção de muitas frutas, vegetais, sementes, nozes e óleos, que fornecem a maior proporção de micronutrientes, vitaminas e minerais da dieta humana”, diz o relatório.
Para minimizar os impactos e recuperar as populações de animais polinizadores, o IPBES recomenda melhor proteção dos ecossistemas, limitação do alcance da agricultura intensiva e a pesquisa por alternativas aos pesticidas. Além de maior atenção ao controle de patógenos e melhor regulação do manejo de populações de abelhas e outros polinizadores.

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