Cultura de cobertura para o Sistema Plantio Direto

O Sistema de Semeadura Direta requer atenção na administração da adubação nitrogenada das culturas antecessoras, ao passo que o fornecimento de palha no sistema torna-se relevante, tendo em vista que, além do manejo correto da adubação, fornecendo palha no sistema, a escolha da planta de cobertura adequada, realiza um importante papel de acordo com as condições regionais de clima e solo.

No Estado de São Paulo, boa parte das nossas tentativas de ajustar o sistema, esbarram no maior fator limitante, o clima, caracterizado pelo inverno seco. Diante disto a escolha de consórcios, plantas rústicas, responsivas ao nitrogênio e com boa persistência de fitomassa em cobertura são estratégias que podem minimizar os problemas e aumentar a sustentabilidade do sistema.

Diante da necessidade de estudar qual a real contribuição da matéria orgânica para a qualidade deste sistema de manejo, o Plantio Direto na Palha, estabeleceu-se no estado uma rede de experimentos que permitirão em média e longa duração esclarecer critérios e estudar a dinâmica do carbono do solo em área tropicais, onde se enquadra o estado de São Paulo, tendo características bem distintas de área subtropicais, como Rio Grande do Sul e Paraná e até mesmo difere do Centro-Oeste, uma região tropical assim como o Estado de São Paulo, entretanto o fotoperíodo tem um papel fundamental na produção de grãos e oferta de fitomassa no sistema.

O efeito do nitrogênio na fertilidade do solo se faz sentir principalmente através do pH, da disponibilidade de nutrientes como cálcio, fósforo, molibdênio e ferro; da quantidade de N combinado prontamente disponível no solo. A médio e longo prazo por favorecer a adição de palha no sistema, o N auxilia no acúmulo de carbono, e a soja em rotação também propicia aumento da matéria orgânica, já que pela fixação simbiótica do N, o nitrogênio total dos solos é aumentado, favorecendo o incremento do carbono orgânico total.

Com o objetivo de Instrumentalizar e melhor avaliar nossos experimentos foram realizadas diversas medições e análises em laboratório e campo que permitiram melhor avaliar a qualidade da matéria orgânica do solo e a evolução da qualidade física do solo. Isto pode ser realizado com o auxílio da Embrapa Instrumentação, em São Carlos, SP.

Os tratamentos de outono-inverno e ou primavera estudados foram: T1 (gramíneas sem nitrogênio em cobertura); T2 (gramíneas com 30Kg de N/ha em cobertura no pré-florescimento); T3 (gramíneas com 60 Kg de N em cobertura /ha no pré-florescimento; T4 (Leguminosa) e T5 (Pousio). No verão verão sempre foi realizada a semeadura da cultura da soja em área total sobre todos os tratamentos em diferentes locais.

RESULTADOS PARCIAIS
A seguir são apresentados resultados, que mostram a diferença na humificação de dois solos distintos no Estado de São Paulo, o primeiro no Instituto Agronômico (IAC-APTA) em Campinas, instalado há seis anos, de textura argilosa e o segundo no Polo Regional da Alta Mogiana (APTA) em Colina , instalado há quatro anos, de textura arenosa.

O índice HFil (Milori, et al., 2006) é calculado pelo espectro da matéria orgânica que é lido em amostras de solo devidamente preparadas, por um ametodologia desenvolvida pela Embrapa Instrumentação, onde esta área do espectro é normalizada pelo carbono elementar da mesma amostra.



A humificação apresentada na Tabela 1 é superior em subsuperfície, ou seja, abaixo dos 10 cm de solo, pois no SPD o aporte de resíduos vegetais contribue para incremento de frações mais leves da matéria orgânica, e estas por sua vez são as grandes responsáveis pelas mudanças de sistemas de manejo conservacionistas, em particular o plantio direto.

Com relação à estratificação na amostragem, pode-se observar que a camada de 0-2,5 cm, é a que mostra maior sensibilidade às mudanças dos sistemas de manejo ou tratamentos estudados. Tanto em Campinas como em Colina, a humificação é maior de acordo com a do se de N, entretanto, tanto em Colina como em Campinas a diferença foi significativa, apenas se comparada ao Pousio, o que reforça a necessidade da utilização de plantas de cobertura e a necessidade de não deixar área em Pousio, para que o sistema possa ser consolidado e dar sustentabilidade para a produtividade agrícola.

Segundo Ferreira e Cruz (1994), no que diz respeito à ciclagem de nutrientes, o acúmulo de matéria orgânica e sua importância no solo não se restringem à capacidade de fornecer nitrogênio às plantas. Aliás, no que diz respeito a nutrição de plantas, a matéria orgânica, dentro de certos limites é fornecedora de todos os nutrientes. É importante que se deixe claro que a matéria orgânica tem grande papel tanto nas propriedades físicas, quanto nas químicas e nas biológicas do solo.

CONCLUSÕES PRELIMINARES
Para o Latossolo Vermelho Amarelo de Colina a leguminosa (T4) após quatro anos de instalação dos tratamentos mostrou-se promissora para a qualidade do carbono orgânico do solo se comparado aos demais tratamentos.

No solo argiloso (60%) de Campinas grande parte do carbono ficou associada à fração mineral, principamente no tratamento T5 (pousio).
A cultura da soja em dois dos três anos agrícolas estudados com a cultivar IAC – 23 produziu 20% a mais no tratamento T3 (na gramínea com maior dose de N em cobertura).

Pesquisadores que Compõem a Equipe de Trabalho: Sandro Roberto Brancalião, Ladislau Martin Neto, Heitor Cantarella, Isabella Clerici De Maria, Elaine Bahia Wutke, Sonia Carmela Falci Dechen, Marcelo Ticelli, Ivana Marino Bárbaro, Edison Ulisses Ramos, Denizart Bolonhezi, Everton Luis Finoto, Márcio Akira Ito, Débora Marcondes Bastos Pereira Milori, Wilson Tadeu Lopes da Silva, Marcelo Simões .

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