ECOPEDAGOGIA


Antes de falarmos sobre ecopedagogia, precisamos entender iniacialmente o que é pedagogia e o que é sustentabilidade (Gadotti, 1998). Para os autores Francisco Gutiérrez e Daniel Prieto (1994), a pedagogia é definida como o trabalho de promoção da aprendizagem através de recursos necessários ao processo educativo no cotidiano das pessoas. Para eles, a vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia, pois a condição humana passa inexoravelmente por ela.
Segundo Francisco Gutiérrez, é praticamente impossível construir um desenvolvimento sustentável sem uma educação para o desenvolvimento sustentável. Para ele, o desenvolvimento sustentável requer quatro condições básicas. Ele deve ser: a) economicamente factível; b) ecologicamente apropriado; c) socialmente justo; e d) culturalmente eqüitativo, respeitoso e sem discriminação de gênero.
Essas condições do desenvolvimento sustentável são suficientemente claras, além de serem auto-explicativas. Mais do que um conceito científico, desenvolvimento sustentável é uma idéia-força, uma idéia mobilizadora deste final de século, daí a importância da articulação com o poder público. As pessoas, a Sociedade Civil em parceria com o Estado, precisam dar sua parcela de contribuição para criar cidades e campos saudáveis, sustentáveis, isto é, com qualidade de vida
Francisco Gutiérrez em seu livro Pedagogia para el Desarrollo Sostenible (1994), denomina “desenvolvimento sustentável” como aquele que apresenta algumas características (ou “chaves pedagógicas”) que se completam entre elas numa dimensãomaior (holística) e que apontam para novas formas de vida do “cidadão ambiental”.
Segundo Hilda Magalhães (2004, p. 77) a ecopedagogia é “compreendida como a pedagogia da terra”, sendo uma pedagogia para a promoção da aprendizagem do “sentido das coisas a partir da vida cotidiana” (Gutierrez & Cruz Prado, 2000; Apud Magalhães, 2005, p. 77).
A ecopedagogia pode ser vista tanto como um movimento pedagógico quanto como uma abordagem curricular (Gadotti, 1998). A ecopedagogia como movimento pedagógico, assim como a ecologia, também pode ser entendida como um movimento social e político. Assim como as expressões “desenvolvimento sustentável” e “meio ambiente”, a ecopedagogia é um movimento novo e está em processo de evolução, sendo complexo e muitas vezes mal entendido. Ao contrário dos termos educação e saúde, que correspondem a áreas bastante conhecidas pela população, a expressão “meio ambiente” é quase totalmente ignorada. Termos como lixo, asfalto, barata, rato são conhecidos pela população, mas ela não entende a questão ambiental na sua significação mais ampla, desta forma, vê-se a necessidade de uma ecopedagia, uma pedagogia para o desenvolvimento sustentável. (Gadotti, 1996).
Cada vez mais a Sociedade Civil vem assumindo a sua cota de responsabilidade diante da degradação do meio ambiente, visto que, apenas através uma ação integrada é que essa degradação pode ser combatida.
A ecopedagogia como abordagem curricular implica numa reorientação dos currículos para que sejam incorporados certos princípios defendidos por ela. Princípios estes que deveriam, por exemplo, nortear a concepção dos conteúdos e a elaboração dos livros didáticos. Os conteúdos curriculares têm que ser significativos para o aluno e só serão significativos para ele se esses conteúdos forem significativos também para a saúde do planeta, para o contexto mais amplo, segundo Jean Piaget.
Os sistemas de ensino, sem dúvida, deverão ter a estrutura e o funcionamento também influenciado pela ecopedagogia. A pedagogia clássica construiu seus “parâmetros curriculares” baseada na memorização de conteúdos, já a ecopedagogia, insiste na necessidade de reconhecermos que as formas (vínculos, relações) são também conteúdos. Como essa pedagogia está preocupada com a “promoção da vida”, os conteúdos relacionais, as vivências, as atitudes e os valores, a “prática de pensar a prática” (Paulo Freire, 1995) adquire expressiva relevância.
A ecopedagogia não é uma pedagogia escolar, não se dirige apenas aos educadores, mas a população mundial em geral, como afirma Francisco Gutiérrez: “estamos frente a duas lógicas que de modo algum devemos confundir: a lógica escolar e a lógica educativa” (Gutiérrez, 1994)। A educação para um desenvolvimento sustentável não pode ser confundida como uma educação escolar. Mesmo tendo conhecimento do papel importantíssimo que a escola tem com relação a difusão da ecopedagogia, ela pretende ir além da escola, pretende atingir e incorporar toda a sociedade, a contrário do que se pensa a ecopedagogia não se opõe à educação ambiental, ao contrário, a ecopedagogia supõe a necessidade de uma educação ambiental, a incorpora e estuda, como ciência da educação, os fins da educação ambiental e os meios de sua realização concreta (Gadotti, 1996).
A Ecopedagogia propõe uma nova pedagogia dos direitos que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais - e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra (INSTITUTO PAULO FREIRE, 1999).


Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo, Olho d’Água, 1995.

GADOTTI, Moacir (org.). Educação de Jovens e Adultos: a experiência do
MOVA-SP. São Paulo, Instituto Paulo Freire, 1996.

GADOTTI, Moacir. Ecopedagogia e educação para a sustentabilidade. Instituto Paulo Freire. Universidade de São Paulo, 1998.

GUTIÉRREZ, Francisco e Daniel Prieto. A mediação pedagógica: educação a
distância alternativa. Campinas, papirus, 1994.

GUTIÉRREZ, Francisco. Pedagogia para el Desarrollo Sostenible. Heredia, Costa Rica, Editorialpec, 1994.

GUTIÉRREZ, F. & PRADO, C. Ecopedagogia e Cidadania Planetária. 2 A edição. Instituto Paulo Freire (Guia da Escola Cidadã, V. 3), São Paulo, Cortez Editora. 2000.

INSTITUTO PAULO FREIRE (Org.). A Carta da Terra na Perspectiva da Educação. In: PRIMEIRO ENCONTRO INTERNACIONAL, 1, 1999, São Paulo.[Anais...] São Paulo: [s.n.], 1999.

MAGALHÃES, H. G. D. A pedagogia do êxito. Projetos de resultado. Petrópolis: Vozes, 2004.

Um comentário:

  1. Troco livro Delphi a Bíblia por livros de PHP, MySQL e Javascript. Vamos aguçar a prática de trocas, assim evitamos comprar livros desnecessariamente e evitamos a derrubada de mais árvores para fazer livros...

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